A revista CLAUDIA deste mês, maio de 2012, tem 3 reportagens que fazem referência a autistas.
A primeira, ” Exclusivas e Generosas” na página 62, fala das bolsas da grife Catarina Mina, que são confeccionadas , uma a uma, por jovens que vivem em comunidades violentas, mães de crianças autistas e idosos em tratamento de saúde. São vendidas em lojas como Cantão, Daslu e Osklen.
Depois, à página 152, temos a reportagem “Mães Excepcionais”, sobre mulheres que adotaram crianças especiais e, detalhe importante, cita o apoio dos maridos nessa escolha. Pessoas que poderiam ter ou já tinham filhos biológicos. Parabéns mães, parabéns pais, pois muitos ainda têm dificuldade em aceitar seu próprio filho deficiente.
Por último, uma ótima notícia para nós. A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, autora do livro “Mentes Perigosas – O Psicopata Mora ao Lado”, vai lançar um novo livro em junho, escrito com a psicóloga Mayra Bonifácio Gaiato e o psiquiatra Leandro Garcia Lopes. Com esse livro, “ Mundo Singular, Entendendo o Autismo” eles pretendem desvendar as engrenagens do universo autista. Com certeza é um livro que vai chamar a atenção das pessoas para o autismo. Um trecho da reportagem:
Calcula-se que uma em cada 166 pessoas tenha algum grau de autismo – do mais leve, ou traço, ao mais grave, ou clássico. “É muita gente, e muitos nem desconfiam. São rotulados de ermitões, mas poderiam viver melhor se tivessem tratamento”, conta ela. A doutora vê com simpatia o universo autista. “Nada que eu faça vai ajudar um psicopata a sentir afeto. O autista, não. Ele apenas não consegue entender como você pensa, por que chora. Mas pode aprender.”
Vamos aguardar!
A dificuldade não é aceitar a deficiência do próprio filho, e sim saber que seu próprio filho irá enfrentar mais dificuldades que as outras pessoas, terá que lidar com o preconceito, poderá sofrer limitações importantes e principalmente, poderá não se socializar, condição essencial para se viver em uma sociedade como a nossa. Com certeza quem escreveu o texto acima, não tem a menor noção do que é ter um filho deficiente.
ResponderExcluirNão sei se você tem um filho deficiente. Parece que tem.
ExcluirEu tenho, e conheço muitas pessoas que têm.
Pessoas ricas, pobres, mais novas, mais velhas, casadas, separadas, mais esclarecidas, menos esclarecidas.
Essas pessoas sofreram, choraram, ficaram inseguras quanto ao futuro de seus filhos, ao saber de sua deficiência. Mas acho que o passo mais difícil para todas, foi a aceitação dessa deficiência. Só depois dessa aceitação elas tiveram forças para ir à luta, ao invés de ficarem paradas lamentando a própria sorte. Nessa luta todas conheceram o preconceito, a ignorância, a estigmatização. Não só contra os filhos, mas muitas vezes contra elas mesmas.
Com certeza eu tenho uma filha deficiente e sei muito bem o que é isso. Talvez meu enfoque seja diferente do seu.
Eu acordo todos os dias disposta a descobrir o que posso fazer para minha filha ter uma vida melhor, e acredito nisso. Cada dia é um recomeço. Tento não pensar no que ela não poderá ter, mas no que posso fazer para que o que ela tem condições de ter seja cada vez mais amplo. Quem me mostra essas condições, são as pessoas que se abrem, que trocam informações, que estão dispostas a divulgar cada nova conquista, cada nova esperança, cada oportunidade, cada decepção, cada sonho que não se realizou. Pessoas que aceitaram a deficiência do próprio filho, procuraram entendê-la e foram atrás de alternativas para, quem sabe, reverter a situação. Depois dessa aceitação, nenhuma delas parou para pensar no que eles não poderiam ter, porque têm a exata noção do que é ter um filho deficiente. É acreditar sempre na possibilidade de um futuro melhor, mesmo numa sociedade como a nossa. É nunca perder a esperança de, um dia, vê-lo superar as suas limitações.
Cristina