Café com Conhecimento
Nessa rodada de Café com Conhecimento contamos com o Dr Décio, que nos brinda com seu conhecimento sobre células tronco.
Dr. Décio Basso
Médico formado pela UFSC, em 1982. Especializado em geriatria e gerontologia pela PUCRS. Faz parte do staff médico do centro de pesquisa de terapia celular pela MBVVAX ( The University British Columbia Canada). Professor de Clínica Médica da faculdade de medicina da Universidad Privada Del Este PY. Diretor Clínico da GEROBASSO Research Institute, que é referência internacional em terapias inovadoras utilizando células tronco mesenquimais. |
Poderias descrever como é realizado o procedimento em vossa clínica, destacando as diferentes técnicas utilizadas para a obtenção das células, suas diferenças e cenários de aplicação?
As células tronco que utilizamos são as mesenquimais autólogas homólogas, que são células adultas retiradas da medula óssea do próprio paciente ao longo de 5 semanas. Ou seja, quatro semanas de preparo para que, na quinta semana, se faça o grande implante.
Usamos laser, PRP, hidrocólon, ozônioterapia, processo de eliminação de metais pesados, fornecimento de minerais e aminoácidos ao paciente, otimização hormonal a depender da idade do paciente, controlando –se os marcadores de células tronco até que se possa fazer o grande implante na quinta semana. Existe uma equipe para tudo isto.
As quatro semanas que antecedem o grande implante de células tronco são utilizadas para que se estimule a produção interna, na medula óssea, de células tronco. São feitas retiradas de pequenas quantidades, em torno de 36 ml semanais e ao final, na quinta semana, uma retirada de maior volume, a depender do caso, podendo chegar a 200 /250 ml.
Tem funcionado muito bem esta utilização. É um procedimento que requer um preparo, que pode ser realizado de várias maneiras, dependendo da avaliação do caso, mas normalmente se levam 5 semanas para que se faça o implante completo.
Não utilizamos células embrionárias pois, apesar de serem poderosas, são extremamente incontroláveis, sendo o índice teratogênico muito alto. Hoje cita-se um índice de 11%, mas acredita-se que seja muito maior. Assim, toda vez que um paciente faz uso deste tipo de células, embrionárias, sabe-se que pelo menos 11% deles terão algum tipo de câncer. Por isto não nos utilizamos desta técnica.
Não usamos células de gordura, não usamos células de dente de leite, nem células de cordão umbilical, porque os trabalhos científicos demonstram uma pobreza e ineficiência quando o assunto é tratamento médico em doenças degenerativas, que é o caso de nossa clínica, que trata paciente com ELA (esclerose lateral amiotrófica), com distrofias musculares, com pacientes que precisam ser transplantados por doença renal ou grave insuficiência cardíaca, cerebropatias congênitas graves. São todos pacientes de altíssimo risco, então utilizamos apenas células tronco retiradas da medula óssea.
O ideal não seria utilizar células de outra pessoa, não doente?
As células utilizadas no implante são extremamente protegidas e estão inativas. Ou seja, a doença que está afetando a pessoa não está afetando as células tronco. Por isso pode ser do próprio paciente.
Quais são as vias de aplicação das células?
No grande implante de células tronco, utiliza-se também a via hemática, endovenosa, intratecal e a peridural. Na clínica, quando o processo degenerativo envolve a parte neurológica, se usa no grande implante a via endovenosa, associado a procedimentos específicos que fazem com que as células tronco ultrapassem a barreira hematoencefálica e já adentrem no sistema nervoso.
Como é feita a preparação do paciente e das células?
Toda a preparação é feita na clínica. O laboratório também é dentro da clínica,ao lado da sala de cirurgia. Até hoje nunca tivemos problemas com nossos pacientes, com nossa técnica. Não fazemos imunossupressão, mas sim imunomodulação, por isso não corremos risco de processos infecciosos, de contaminação por fungos.
É necessário imunossuprimir o paciente antes da aplicação das células?
Não há necessidade alguma de se anular o sistema imunológico da pessoa, nunca utilizamos este método e nunca tivemos rejeição nem ao menos utilizamos antibioticoterapia preventiva ou pós algum tipo de implante. Não consideramos a técnica de imunossupressão avançada, pois paciente imunossuprimido tem que viver praticamente em uma bolha, pois qualquer infecção pode ser mortal e a necessidade de cuidados extremos como UTI pode tornar o procedimento impraticável.
Nossa técnica é uma técnica americana aperfeiçoada por canadenses, muito bem vista em todo o mundo e nos levando a palestrar no congresso europeu a respeito. O protocolo canadense é muito simples, seguro, evoluído e a resposta e resultados dos pacientes também são ótimos.
A idade do paciente pode interferir no resultado? Pacientes com deficiência de G6PD podem realizar o procedimento?
A idade do paciente não tem muito a ver com a resposta. Evidentemente uma criança terá maior resposta que um paciente idoso, mas existem diversas técnicas para o aumento da proliferação de células. Nosso paciente mais novo tem 2 anos. Inclusive pacientes com deficiência na G6PD podem fazer este tipo de implante. O único problema que encontramos são pacientes que realizaram implantes anteriores de células embrionárias e buscam nossa clínica. Neles, tomamos o devido cuidado de solicitar o exame Onco 3, que mapeia células tumorais circulantes a partir de células tronco. Em havendo alguma alteração positiva neste exame, não fazemos o procedimento, pois este paciente certamente desenvolverá câncer. Do contrário, não há problema.
O procedimento é indicado para outros quadros degenerativos ou apenas para autismo?
Em todo e qualquer processo que esteja ocorrendo no organismo as células tronco têm condições de fazer uma regeneração. Trabalhamos com pacientes cadeirantes, incluindo ,por exemplo, uma paciente com lesão medular, que tem apresentado os primeiros movimentos dos pés e das pernas após transcorridos dois meses de pós implante. Há que se entender que cada paciente é único e terá um tipo de avaliação, um protocolo, e dentro de um protocolo há inúmeras variações. Mas como já dito, nunca tivemos um paciente que não tenha recebido nenhum tipo de melhora e já tivemos pacientes com melhoras de 100%. Assim, sempre digo que a expectativa é sempre ótima e não temos nos decepcionado.
Não existe um lugar em que as células tronco não possam regenerar, mas há pacientes que respondem melhor, outros mais lentos, mas todos apresentam reações positivas.
Como é feito o preparo para que o procedimento possa ter uma maior probabilidade de sucesso?
As células tronco necessitam de marcação de superfície de células lesadas para poder atuar, para poder fazer replicação e regeneração. Quem leva estes marcadores, que são chamados CDs são as plaquetas, por isso se faz o PRP frequentemente e se acompanha o número aumentando dos CDs indicadores de fatores de crescimento local. E nós temos que atingir acima de 75% de viabilidade celular para poder fazer o implante e isto se faz às custas de PRP, dentre outras coisas. Sendo o PRP peça fundamental.
O procedimento de células tronco é indicado para casos de câncer?
Em paciente em tratamento de quimioterapia ou radioterapia fica impraticável o uso de células tronco. É necessário se passar um tempo e fazer todo um preparo especial para que se tenha células tronco viáveis par se fazer um implante. Paciente em uso de rádio e quimio não tem melhora com células tronco.
Contatos:
Fone: +21 59 561 578 255
Site: http://gerobasso.com/
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