Páginas

domingo, 28 de abril de 2013

Leite de amêndoas que não estraga tão facilmente


Eu fazia o leite de amêndoas tirando a pele delas, deixando de molho por 8 horas e depois batendo no liquidificador e coando em um pano fino de algodão.
Só que esse leite azedava muito facilmente. Como o coco é bactericida, resolvi misturar 100 ml de leite de coco a cada litro de leite de amêndoas. Ficou delicioso e parou de azedar tão facilmente.
Depois resolvi acrescentar castanhas do Brasil, por causa do selênio...
Aí conheci uma mulher que esteve no  Hippocrates Health Institute, e ela me falou para não tirar a pele das amêndoas, pois elas são ricas em compostos fenólicos, que são um grupo de antioxidantes que combatem os radicais livres. Mudou minha receita outra vez, mas o leite ficou ainda melhor.
Agora o leite ficou assim:
- Colocar 1 copo de amêndoas de molho na água com uma colher de sopa de suco de limão, por aproximadamente 3 horas.
- Enxaguar as amêndoas, colocá-las no liquidificador com um pouco de água e bater até quebrá-las ligeiramente.
- Deixar novamente de molho em água pura, juntando também 3 castanhas do Brasil (opcional), por no mínimo 5 horas, para que hidratem bem. Eu deixo de 1 dia para o outro, pois quanto mais hidratadas, mais leite você consegue.
- Escorrer a água, colocar no liquidificador  com 3 copos de água e bater muito bem.
- Coar num pano fino de algodão.
- Completar  o leite adquirido com água, até obter 1 litro.
- Juntar 100 ml de leite de coco.
Se quiser esquentar esse leite, para que ele não talhe, junte um pouquinho de amido de milho.
Fiz um Creme de Chocolate delicioso usando para cada copo de leite, 1 colher de sopa de amido de milho, 1 colher de sopa de açúcar e 1 colher de sopa de chocolate em pó. Coloquei também umas gotas de baunilha orgânica e um pouco de canela em pó.

sábado, 27 de abril de 2013

Prebióticos e Probióticos

Algumas mães têm me perguntado sobre o uso de probióticos.

Como já falei aqui, num post sobre o kefir, o uso de  probióticos é considerado muito benéfico para crianças com autismo, devido aos vários problemas intestinais que elas apresentam.
Os probióticos comprados em farmácias são mais caros e não têm a composição tão rica como a do kefir, que é cultivado em casa.
O kefir de água tem os seguintes micro-organismos: Lactobacillus brevis, Lactobacillus casei rhamnosus, Lactobacillus alactosus, Lactobacillus casei casei, Lactobacillus pseudoplantarum, Lactobacillus plantarum, Streptococcus lactis, cremeris Streptococcus, Leuconostoc mesenteroides, florentinus cerevisiae, Saccharomyces pretoriensis, Kloeckera apiculata, lambica Candida , valida Candida. 
Mas, devido aos cuidados que sua produção exige, a maioria das pessoas acaba desistindo.
Existem vários probióticos à venda, mas para a Ana, por indicação do Silvio que trabalha com o Alexandre da Nova Ciência, dei o Lactofos, que é um produto que junta aos probióticos, o prebiótico FOS – Frutooligossacarídeo.
O termo probiótico significa "para a vida" e designa microrganismos vivos, que ao serem ingeridos, são capazes de promover o equilíbrio da flora intestinal, exercendo efeitos benéficos sobre a saúde além dos relacionados aos efeitos nutritivos em geral. Os microrganismos pertencem ao grupo das bactérias ácido lácticas, assim denominadas por fermentarem açúcares produzindo ácido láctico, e incluem fundamentalmente os lactobacilos e bifidobactérias. Os probióticos nutrem as bactérias benéficas e combatem a proliferação das patogênicas, bem como fortalecem o sistema imunológico, através de uma maior produção de células protetoras.
Os prebióticos são ingredientes ou grupo de ingredientes alimentares que não são digeridos pelas enzimas digestivas normais, presentes na parte superior do trato intestinal, mas que atuam estimulando o crescimento e a atividade de bactérias benéficas no intestino, como os Lactobacillus, Bifidobacterium, que beneficiam o hospedeiro, reduzindo o PH através do aumento da quantidade de ácidos orgânicos.

O FOS é uma fibra dietética solúvel extraída da raiz da chicória, que não é hidrolisada ou absorvida pelo trato digestivo, serve como substrato seletivo para as bifidobactérias (bactérias benéficas), é capaz de alterar a flora bacteriana do cólon a favor de uma composição saudável. Aumenta o número de bactérias benéficas, diminui o produção de bactérias patogênicas, reduz o PH colônico, diminui tempo de trânsito gastrointestinal, aumenta o peso fecal, melhora a tolerância a glicose, reduz os níveis plasmáticos de triglicérides e colesterol, possui efeito anticarcinogênico.  
Lactofos é a associação da fibra prebiótica com 4 tipos de cepas probióticas que em sinergia, tem um efeito benéfico no organismo, reconstituindo e reequilibrando a flora intestinal de forma natural. Atua como regulador da flora intestinal e vaginal, agindo nos quadros de constipação, diarréia e manifestações urogenitais indesejáveis. 

Os lactobacillus presentes no lactofos são: 

Lactobacillus Casei possui importante função imunomoduladora aumentando as defesas naturais do organismo

Lactobacillus Rhamnosus tem maior aderência à mucosa intestinal e maior competitividade com os patógenos. Eficiente no combate a inflamações intestinais

Lactobacillus Acidophilus tem ação anti-microbiana contra Staphylcoccus aureus, Salmonella, Escherichia Coli, Clostridium. Produz enzima lactase em grande quantidade, sendo essencial para indivíduos com intolerância a lactose (formação de gases, mau hálito, cólicas intestinais).

Bifidobacterium bifidum utiliza como estratégia no combate aos patógenos e fungos a fixação, multiplicação e competição pelos nutrientes. Melhora a absorção de ferro, cálcio e magnésio.

Informação de Composição
Composição   
Frutooligossacarídeos 6 gramas 
Lactobacillus casei 109 a 106 UFC 
Lactobacillus rhamnosus 109 a 106 UFC 
Lactobacillus acidophilus 109 a 106 UFC 
Bifidobacterium bifidum 109 a 106 UFC 
Indicação
Idosos, adultos e crianças 
Pessoas que fazem uso de medicamentos que agridem a flora intestinal 
Portadores de dislipidemias 
Disbiose intestinal (Constipação/Diarréia) 
Disbiose vaginal 
Alergias alimentares 

terça-feira, 23 de abril de 2013

O COMPORTAMENTO DAS CRIANÇAS AUTISTAS E SUAS POSSÍVEIS CAUSAS E SOLUÇÕES





Em seu livro "Healing and Preventing Autism" o Dr.Jerry Kartzinel e Jenny McCarthy apresentam um quadro com os comportamentos mais comuns aos autistas e as possíveis causas e soluções para cada um. Esse quadro foi baseado na experiência clínica de mais de 10 anos de observação e tratamento de autistas. Mas lembrem-se, não são verdades absolutas, são indicativos!

COMPORTAMENTO/SINTOMAS
CAUSAS POSSÍVEIS
POSSÍVEIS SOLUÇÕES
Flapping
Agitar braços e mãos
Toxinas, alimentos, deficiência em Omega  3, levedura.
Corrigir deficiências e eliminar toxinas, antifúngico.
Caminhar na ponta dos pés
Levedura, constipação, dor/irritação intestinos.
Desintoxicação de levedura com antifúngico, antibiótico específico, laxante.
Girar em círculos, balançando para frente e para trás
Dor relacionada. Infecções, problemas alimentares, intoxicação por metais pesados.
Antiviral. Tratar infecções. Anti-inflamatório, modificar dieta, desintoxicação de metais pesados.
Bater cabeça, auto ferimento.
Dor em qualquer lugar. Pode ser úlcera, refluxo, doença intestinal, ansiedade, Anormalidades estruturais do cérebro. Enxaqueca.
Teste para inflamação, tratamento de úlceras, tratamento infecção, tratamento ansiedade com Xanax. Se o XANAX funcionar confirma a ansiedade, então tire o XANAX e troque por remédios naturais. Caso contrário procurar e tratar outras causas. Motrin. Ressonância Magnética de cérebro.
Olhar de canto de olho
Baixa na forma natural de vitamina A.
Óleo de fígado de bacalhau(livre de mercúrio), terapia da visão.
Barriga inchada
Constipação, leveduras, gases.
Laxantes, antifúngicos.
Perda do tônus muscular
Falta de nutrientes, problemas metabólicos...
Suplementar calorias, proteínas, vitaminas, minerais e óleos. Suplementar com carnitina, creatina, bem como suplementos de apoio mitocondrial.
Pele pálida
Instabilidade vascular, infecções bacterianas, disfunção imunológica, disfunção neurológica.
Tratar distúrbios subjacentes.

Diarréia
Muito suco, doenças infecciosas como levedura, diminuição de enzimas digestivas, doenças inflamatórias do intestino, constipação.
Remover e eliminar certos alimentos, isolar e tratar a doença infecciosa como a levedura, dar enzimas digestivas, tratar doença inflamatória do intestino, tratar constipação subjacente.
Círculos escuros sob os olhos
Alergias.
Teste de alimentos IgG, tratar sinusite, eliminar alérgenos. Tratar com antialérgicos. 
Abocanhar, comer coisas anormais como sujeiras, roupas, comida de animais.
Autismo global não tratado, levedura, deficiência nutricional, deficiência mineral.
Vitaminas, minerais, óleo, matar levedura, tratar autismo global.
Constipação
Doença inflamatória do intestino, infecção intestinal com levedura, defeito na metilação.
Laxante, matar a levedura, tratar inflamação do intestino.
Ranger dentes
Parasitas, doença inflamatória do intestino, dor, ansiedade, levedura.
Tratamento dos parasitas, tratar inflamação do intestino, matar levedura, autismo global.
Transtorno Obsessivo - Compulsivo
Disbiose (desequilíbrio no intestino tal como infestação de cândida), baixos níveis de serotonina, defeitos de metilação, PANDAS, inflamação.
Tratar cândida, antibióticos para estreptococos, suplementação 5-HTP, para aumentar serotonina, injeções de B12, cisteína, glutationa.
Gases
Cândida, constipação.
Laxante, antifúngico.
Refluxo
Alergias alimentares, alergias do ambiente, constipação.
Teste de alimentos IgG, Claritin, Singulair, Gastrochrom, laxante.
Erupções
Vírus, bactérias, alergias, defeitos de metilação.
Antibiótico para bactérias, antifúngico para eczema, Claritin para alergia, injeções
de B12 como suporte para a metilação.
Agressividade
Doença inflamatória do intestino, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, dor, infecção bacteriana, alergia, desequilíbrios hormonais.
Tratar inflamação do intestino, tratar infecção bacteriana com antibiótico. Claritin ou Singulair para alergias, Androgen painel (Labcorp) para avaliação dos hormônios.
Alimentos não digeridos nas fezes
Levedura, falta de enzimas digestivas.
Antifúngico, enzimas digestivas.
Vômitos
Alergias, constipação, distúrbio grave de integração sensorial.
 IgG teste, laxante, reeducação alimentar.
Febres constantes
Inflamação, infecção.
Avaliação do sistema imunológico, avaliação intestinal,avaliação de doenças infecciosas, avaliação auto imune.
Exaustão, cansado o tempo todo
Vírus, deficiência nutricional, alergias, levedura, envenenamento mitocondrial, disfunção da tireóide, intoxicação por metais pesados.
Nutrição, suplementos, teste IgG,  Claritin, antifúngico, avaliação da tireóide, , avaliação mitocondrial, desintoxicação de metais pesados.
Sem dor, disfunção sensorial
Glúten/laticínios .
Dieta sem glúten e sem caseína.
Não dorme a noite toda
Ingestão de alimentos errados, refluxo, dor no intestino, diminuição da produção de melatonina, constipação, ciclo de sono alterado, ansiedade.
Teste IgG, 5-HTP, melatonina, antiácido, investigar dor no intestino, eliminar trigo e leite da alimentação.
Perda de contato visual
Centro de visão desligado, uso de visão periférica.
Óleo de fígado de bacalhau, betanecol, avaliação da visão.
Sensibilidade ao som
Resposta inadequada para estímulos sonoros como parte do autismo, infecção viral, envenenamento por metais pesados.
Desintoxicação e terapia do som.
Alta tolerância a dor
Opiáceos derivados do trigo e do leite podem bloquear a dor.
Remoção de trigo e leite, pressão e compressão conjunta.
Não querem ser tocadas
Percepções anormais aos estímulos cotidianos, hipersensibilidade, dor.
Cura do autismo global.
Birras, gritos
Dor, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, luzes, sons, ou algum outro “gatilho”.
Remover do local onde ocorreu a situação.
Tratamento geral do autismo.

terça-feira, 2 de abril de 2013

PORTAL UAI: ROBÔS QUEBRAM AS BARREIRAS DO AUTISMO


Texto publicado hoje no portal uai:


Robôs quebram as barreiras do autismo Experimentos comprovam que crianças portadoras do distúrbio interagem melhor com as máquinas do que com os terapeutas. Os amigos de lata despontam como ferramenta estratégica para reduzir principalmente a ansiedade dos pequenos


Publicação: 02/04/2013 07:44 Atualização: 02/04/2013 07:47
Roberta Machado
Amplie e veja como foi feito o experimento
Robôs são fascinantes. Ao andar, realizar tarefas e até mesmo falar, essas máquinas convidam qualquer um a parar e observar a tecnologia em movimento. Esse interesse natural pelos humanoides eletrônicos é explorado na ficção científica, em brinquedos e em eletrodomésticos, mas ainda há outras fronteiras que podem ser atravessadas pelos homens de lata. Trata-se do relacionamento com pessoas que têm dificuldade de interagir com outros humanos, mas que podem se abrir para um amigo mecânico: novas pesquisas reforçam a tese de que os robôs são mais atraentes para as crianças autistas do que os adultos. Além de divertida, a ferramenta robótica pode facilitar o trabalho de terapeutas e acelerar os efeitos do complicado tratamento do transtorno do espectro autista (TEA).
Sabendo do interesse dos pequenos pelas figuras robóticas, os pesquisadores do Instituto de Pesquisa e Tratamento para Distúrbios do Espectro Autista (Triad, na sigla em inglês) decidiram colocar o talento das máquinas à prova. Um grupo de 12 crianças de 3 a 5 anos foi submetido a uma série de exercícios de atenção em uma sala com televisores que exibiam desenhos animados. Metade delas era diagnosticada com TEA, enquanto os outros participantes apresentavam um desenvolvimento comum. A técnica foi chamada de arquitetura adaptável mediada por robôs.
Em uma parte do teste, as crianças obedeciam aos comandos de adultos, que apontavam animadamente para os vídeos e chamavam os pequenos voluntários a olhar e fazer o mesmo. Nessa fase, os pacientes com autismo tinham dificuldade de interagir com os instrutores e não seguiam às instruções tão bem quanto os coleguinhas. Os resultados foram medidos por uma série de câmeras espalhadas pela sala, que detectavam a direção do olhar das crianças de acordo com o posicionamento de um conjunto de lâmpadas infravermelhas presas ao boné que elas usavam.
Mas tudo mudou quando os terapeutas saíram de cena e os robôs passaram a dar as ordens. Bastava o pequeno humanoide chamar o nome da criança para que ela olhasse interessada para a máquina. Reação percebida, por exemplo, em Aiden, uma criança de 3 anos que participou do estudo. O novo professor conseguiu atrair a atenção tanto das crianças com aprendizado regular quanto das diagnosticadas com o distúrbio. Mas a diferença de comportamento entre os pacientes com o autismo foi tão grande que eles praticamente se nivelaram com o outro grupo em termos de atenção. “Demonstramos que, se as crianças estão mais interessadas no robô do que na terapia humana, então o robô pode ser capaz de usar essa relação para atividades benéficas”, conclui Nilanjan Sarkar, professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Vanderbilt e um dos autores do experimento.
Aiden, de 3 anos, foi uma das crianças autistas participantes do estudo: interação com a máquina chamou a atenção dos pesquisadores
Adaptações
O novo colega das crianças que participaram do estudo é o robozinho NAO, um modelo de 58cm desenvolvido na França. Com mãos de três dedos e pernas articuladas, a máquina mais lembra um simpático personagem de desenho animado. Mas o design gracioso esconde uma avançada tecnologia. São duas câmeras, quatro microfones, sonar e uma rede de sensores táteis e de pressão. Ele também tem luzes de LED e um sintetizador de voz, que transmite gravações em uma voz eletrônica por meio dos sensores localizados na lateral da cabeça.
O robô foi adaptado para o estudo, “aprendendo” os movimentos necessários e ganhando voz por meio de gravações. O mesmo modelo de máquina é usado em mais de 40 instituições para estudos sobre a interação entre homem e máquina, muitos deles focados no espectro autista e em crianças. “Dá para ver que a criança dá atenção para o robô, e isso possibilita que se trabalhe com o aprendizado de conceitos ligados à escola e à vida. Isso vale para qualquer criança”, aponta Roseli Aparecida Francelin Romero, coordenadora do Laboratório de Aprendizado de Robôs do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da Universidade de São Paulo (USP).
O NAO, ressalta a especialista, conta com diversas ferramentas e um software flexível, que pode ser adaptado a diversas tarefas, além de aceitar comandos de voz em inglês e em francês, músicas e diversos comandos básicos pré-instalados. “O segredo é que ele é fácil de programar”, analisa Roseli. A máquina também tem um alto grau de liberdade de movimento e consegue fazer atividades como andar, agachar, ficar apoiada em um só pé e até mesmo jogar futebol.
Com o sucesso da iniciativa, o grupo da Universidade de Vanderbilt deu início a novos projetos com exercícios que trabalham outras dificuldades enfrentadas por crianças autistas, como aprender a imitar, brincar de faz de conta e dividir. As atividades podem parecer brincadeiras, mas, para os pequenos com o transtorno, esses são graves problemas que podem causar sérias limitações na vida infantil e adulta. “A primeira preocupação dos pais com crianças autistas é o atraso de linguagem. A partir disso, elas mostram falta de interesse e não mantêm contato visual nem respondem quando chamadas pelo nome. Outro problema são os movimentos repetitivos, chamados movimentos estereotipados”, descreve Carlos Gadia, pediatra e diretor da ONG Autismo & Realidade.

Interagindo e mãos dadas

Lidar com crianças com autismo exige tato e paciência, pois nem sempre elas estão aptas a seguir ou mesmo entender as atividades propostas. É aí que entram os robôs. O fato de crianças e adolescentes do espectro autista terem dificuldade de interpretar sutilezas sociais, como algumas expressões faciais ou frases que podem ter sentidos múltiplos, faz com que a mecânica das máquinas se torne algo reconfortante para eles. “Quando o terapeuta entra na sala, algumas crianças se escondem e choram. Se colocam um robô na sala, elas brincam com ele. Dão a mão para o robô, brincam, fazem coisas que não fariam com o terapeuta. Isso é um facilitador”, compara Carlos Gadia, pediatra e diretor da ONG Autismo & Realidade.
De acordo com o especialista, a técnica tem sido estudada em diversas instituições há pelo menos uma década.  Conforme o paciente encontra conforto, ameniza a ansiedade e se abre para as atividades, o terapeuta encontra mais espaço para coordenar pessoalmente os exercícios.
Entre as iniciativas que reforçam a proposta da interação está o projeto Robótica-Autismo, de Portugal. Desde 2008, a técnica é estudada pelo grupo formado entre a Universidade do Minho e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental. Com a ajuda de diversos modelos de robôs, os pesquisadores criaram atividades que desenvolvem competências sociais que ajudam no aprendizado. Enquanto algumas crianças apresentaram um aprendizado visível, outras mostraram progresso ao manter contato visual com os terapeutas ou somente no tempo de permanência na atividade proposta.
“O impacto do robô nas crianças não é facilmente comprovado, sendo perceptível que o interesse em relação à máquina depende da criança em questão, e esse fator condiciona o sucesso do estudo ”, aponta Filomena Soares, coordenadora do programa. Como cada criança reage de forma diferente, as experiências também são definidas e planejadas de acordo com as limitações individuais — e isso só pode ser feito por especialistas. Por isso, mesmo com o facilitador robótico, o fator humano continua indispensável no tratamento. (RM)