Prefeitura restringe acesso a remédio para crianças hiperativas
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
15/07/2014 02h00
Uma portaria da
Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo restringiu a distribuição na rede
pública de um remédio indicado para crianças e adolescentes hiperativos ou com
deficit de atenção.
O metilfenidato, mais
conhecido pelas marcas Ritalina e Concerta, é usado no tratamento do TDAH
(Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade) e virou alvo de uma
discussão mundial sobre seu consumo abusivo.
Por ser um
estimulante, há relatos inclusive de seu uso para fins recreativos por adultos,
misturado ao álcool.
Para a prefeitura, a
norma que entrou em vigor no mês passado disciplina a prescrição do medicamento
e tenta evitar seu uso desnecessário.
Já a ABP (Associação
Brasileira de Psiquiatria), que elabora um manifesto contrário à medida, diz
que ela burocratiza o acesso à droga no SUS e pune as crianças pobres que
precisam dela.
Antes, bastava o
médico avaliar o jovem e prescrever a medicação em receituário especial amarelo
(para substância psicotrópica).
Agora, uma equipe
multidisciplinar (formada por médico, psicólogo entre outros) da secretaria
deverá avaliar a criança, pedir exames e preencher formulário com dados sobre
sua saúde física e psicossocial, situação escolar e familiar, entre outros.
No caso de paciente
de instituições vinculadas ao SUS, o formulário ainda terá que passar pelo
crivo da Coordenadoria Regional de Saúde.
"Só há duas explicações para essa portaria: ou foi feita por falta conhecimento científico ou é uma questão ideológica para economizar medicamento", afirma o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP.
"Só há duas explicações para essa portaria: ou foi feita por falta conhecimento científico ou é uma questão ideológica para economizar medicamento", afirma o psiquiatra Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP.
O médico José Ruben
de Alcântara Bonfim, da assistência farmacêutica da Secretaria da Saúde da
gestão Fernando Haddad (PT), diz que em nenhum momento a portaria visa diminuir
custos. Por ano são distribuídos 700 mil comprimidos do remédio na rede pública
paulistana.