Café com Conhecimento
Nessa rodada de Café com Conhecimento contamos com o Dr Sérgio, que nos traz informações sobre o procedimento de células tronco da GID, que é um sistema de coleta e concentração de células tronco de gordura, frescas (não congeladas, não multiplicadas e com manipulação menor que mínima).
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Dr. Sérgio Vieira
- Médico- Faculdade de Ciências Médicas MG, 1985;
- Cirurgia Geral - Santa Casa de BH, 1988;
- Cirurgia Craniofacial - Universidade de Pittsburgh, EUA, 1990;
- Bolsista da Academia de Osseointegração Suíça, 1993 ;
- Cirurgião Dentista - PUC Minas, 2000
- Diretor Médico da GID Brasil, 2011.
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Descreva sua técnica
O sistema GID de coleta de células-tronco faz o processamento da gordura com duas formas de separação das células. Uma é a centrifugação e esse, no caso do que utilizamos, é associada à digestão enzimática da gordura, o que nos proporciona, comparado com qualquer outro tipo de coleta de célula-tronco de gordura, performance de 40 a 60% superior em número e viabilidade das células. Esses dados constam em diversos trabalhos da literatura.
Com relação ao uso eu gostaria só de ressaltar que a técnica utilizada pela
GID para a coleta de células é de manipulação menor que a mínima, segundo Anvisa.
Qual a diferença entre as diferentes técnicas de célula tronco?
As diferenças entre os diversos tipos de célula tronco: a célula tronco tem várias origens no organismo. Já foram identificadas as embrionárias, cordão umbilical, dentre outras. No sangue periférico a gente tem células, mas o número é muito baixo, o que faz com que o sangue da medula óssea seja uma fonte mais rica. A do cordão umbilical e a do dente de leite também tem as mesmas características.
As células são multipotentes ou pluripotentes. Uma coisa a ressaltar é que a gordura como fonte de célula-tronco é o tecido que mais tem célula-tronco. Para vocês terem uma ideia quando comparada à medula óssea ou ao sangue periférico, o sangue de cordão umbilical ou ao dente de leite, ela tem aproximadamente uma centena de vezes mais células do que as outras fontes, isso por cm³ de tecido processado.
A gordura é disparada a maior fonte de células-tronco do organismo.
Com relação a complicações dessas técnicas é aí que vão as maiores diferenças. A retirada da gordura é um procedimento invasivo, mas não é um procedimento complicado. É uma lipoaspiração basicamente. Já a retirada na medula óssea você faz uma punção na crista ilíaca ou em outro osso longo e dali você extrai a medula óssea. A medula óssea tem aproximadamente 5.000 células-tronco por cm³. A gordura tem aproximadamente 900.000 células-tronco/cm³. O cordão umbilical, o uso dele é passível de ser feito, mas contem uma pequena quantidade de células tronco, apesar de todos os esforços necessários para a manutenção desse tecido. Quando do uso, essas técnicas demandam multiplicações celulares e essas multiplicações é que são o nosso tendão de Aquiles.
As multiplicações celulares envolvem manipulação das células e a adição nessas células de produtos que nem sempre são inócuos no organismo. Da mesma forma que o cordão umbilical, a medula óssea e a polpa do dente, tem que ser multiplicadas. Se vocês considerarem que o indivíduo adulto tem de 15 a 50% do seu peso em gordura, vocês imaginam o quão mais abundante é o tecido adiposo com relação aos outros. Então, uma das diferenças é essa.
Existe risco de câncer?
Evidentemente quanto menor a manipulação, mais seguro é o tecido a ser utilizado. Evidentemente também quando você faz essa manipulação das células, quanto mais vezes você duplicar o número de células, aumenta exponencialmente o risco de câncer ou de alterações tumorais ou de núcleo da célula.
Apesar dos cuidados, qualquer proliferação que você faz nas células, você pode promover alteração do núcleo e aumenta o risco. A segurança do congelamento, da multiplicação e da retornada do tecido à temperatura corporal podem ser danosos ao núcleo e à própria célula. A viabilidade das células com o congelamento pode diminuir, apesar das novas técnicas de congelamento, os mecanismos anti-congelamento das células promovem uma segurança maior, no entanto, você mistura até soro bovino para conservar essas células, em alguns casos.
Uma coisa diferente da célula-tronco fresca da gordura é que você injeta junto com ela dezenas de partículas proteicas e hormônios de cicatrização que são injetados conjuntamente com essas células frescas, o que não acontece em nenhum dos outros mecanismos, nenhuma das outras técnicas tem essa propriedade.
Pode haver correlação entre idade e o transplante de células ter sucesso? Tenho visto crianças mais velhas se beneficiarem mais.
Pelos poucos dados com relação à correlação entre respeito da idade e ao transplante de células.
Já podemos quase afirmar com certeza que o número de células não correspondeu diretamente à eficiência do tratamento. Ou seja, nós tivemos paciente com poucas células transfundidas e muito resultado, como tivemos paciente com muitas células com um resultado um pouco inferior. Nós ainda não encontramos a relação ideal entre o número de células e os resultados dos pacientes.
Qual a dificuldade de liberação e mais estudos no Brasil sobre SC para autismo?
A dificuldade para liberar estudos no Brasil está relacionada à atividade do CONEP – Comitê Nacional de Ética em Pesquisa. A gente tem uma dificuldade tremenda em cumprir todos os pré-requisitos, mesmo se tratando de células do próprio indivíduo. A gente pede 10 pacientes, eles deixam 4 e a gente tem que ficar 2 anos esperando os resultados desses primeiros. A gente pede mais 20, eles deixam 8 e a gente tem que ficar mais 2 anos. Então, as coisas são arrastadas por causa das regras do CONEP. Eles têm razão em fazer isso, eu acredito, em função de algumas drogas que estão sendo colocadas no mercado hoje em dia que tem que ter esse acompanhamento mais próximo. Nós vimos recentemente a pílula anticâncer que deu aquela confusão. Se a gente for olhar a célula do próprio indivíduo, célula fresca, ela por lei é considerada um enxerto. Só que nós estamos utilizando a célula como tratamento celular. Esse conjunto, essa bateria, esse grupo de células mais o grupo de hormônios é um tratamento celular. Os resultados para o TEA que a gente tem observado estão sendo alcançados muito mais cedo do que seria passível de ser resultado da injeção da célula. Eu acredito que o hormônio que faz imunomodulação e modelação da reação inflamatória, esses hormônios tem um papel importantíssimo nos resultados que foram observados em pacientes com Transtorno do Espectro Autista.
Quais as formas de extração de células tronco utilizadas pelos médicos que estão fazendo esse procedimento no Brasil? Dente? Gordura? Qual a melhor?
Com relação às formas de extração das células tronco, eu diria que as melhores fontes estão na gordura e na medula óssea ou cordão umbilical. Por que isso? Porque o cordão umbilical você tem um banco de cordões que tem milhões ou milhares de cordões congelados. Quando você precisa de células para um indivíduo não necessariamente será o dele, ele pode ser mesclado com vários e isso proporciona um aumento no número de células, mas, ainda assim, células congeladas e nem sempre com a viabilidade necessária a um tratamento. A gordura, não é porque eu represento a gordura, mas de todos os trabalhos que já vi no mundo, a gordura se mostra mais inteligente.
Em termos de eficiência não posso dizer porque nós ainda não temos um trabalho formal, porém a forma de obtenção e o número de células junto com a quantidade de hormônios que é injetada junto dessas células, em PH e osmolaridade iguais a do plasma, com temperatura do corpo, isso tudo garante que nós estamos injetando um tecido saudável e vivo. Isso é importantíssimo. A gente não pode garantir o tratamento, mas a gente pode dizer que melhora a excelência da proposta de tratamento.
Como ele é feito. A gente faz uma lipoaspiração no paciente tirando o máximo de gordura possível para uso naquele procedimento; esse tecido é processado em circuito fechado, ou seja, não há manipulação do tecido fora do frasco. Ele é lavado retirando o óleo sobrenadante, retirando os restos de tecido, como restos de sangue e outras células que poderiam alterar o PH. Essas coisas são retiradas durante essa lavagem. Depois a gente adiciona um pouco mais de líquido e põe a enzima junto do tecido. Ele fica por 40 a 50 minutos dentro de um agitador térmico que mantém a temperatura do tecido em torno de 38 graus e misturando a enzima que é a colagenase. A colagenase dissolve o tecido soltando as células que estão presas entre as células de gordura, perto dos vasos sanguíneos. Depois de misturado, esse tecido é tamponado, a gente tampona essa enzina, ela perde seu efeito enzimático e a gente processa o tecido através de centrifugação. Isso nos garante um maior número células, um maior número de células viáveis. Elas são, então, injetadas no paciente no mesmo ato cirúrgico. O paciente fica dentro da sala, isso é feito dentro da sala de cirurgia. A célula é fresca, não é manipulada e ela tem tanto a viabilidade quanto o número de células, ele é muito maior do que nos outros sistemas.
Quais os benefícios da aplicação intratecal. Ouvi por especialistas no Panamá que intratecal e venoso dá no mesmo. Quais os Perigos da intratecal?
A injeção intratecal dessas células, que dizer, dentro do líquor que está em contato com o cérebro. Existem várias correntes nesse sentido. Existe uma corrente que a injeção intratecal tem mais efeito e existe uma corrente que defende que a injeção venosa tem mais efeito. A única coisa que eu ainda não consegui explicação suficiente para responder essa pergunta adequadamente é o número limite máximo de células que eu posso colocar dentro do líquor sem causar alteração para o paciente, causar algum problema, que pode ser até uma meningite. Então, a gente deve ir com cuidado para não exceder esse limite fisiológico.
Gostaria de saber se já fazem no Brasil células troncos e se alguém já fez e teve resultados?
No Brasil há diversos grupos trabalhando com pesquisas com célula-tronco para o autismo. Acho que no Paraná tem um, tem gente no Rio e São Paulo trabalhado com isso. Volto a dizer, não sei o estágio atual. Vamos ter uma ideia disso em outubro em uma reunião na Câmera dos Deputados em Brasília. O Alisson, um pesquisador brasileiro que mora na Califórnia vai trazer os resultados.
Tenho o cordão umbilical guardado, pode ser usado? Quais os benefícios?
Eu tenho as células do cordão do meu filho armazenadas. Em que isso pode contribuir para meu filho TEA?
O único benefício que eu vejo do cordão umbilical guardado é a propriedade que ele tem de ser do próprio indivíduo. Volto a dizer que as células congeladas podem perder viabilidade e pode de ter, na hora de multiplicar, muita alteração. Porque você tirar de um tecido que tem 5 mil células-tronco/cm³, você tirar 50 ou 60 milhões de célula para fazer um tratamento, a multiplicação é grande. Eu, pessoalmente, nunca fiz, mas pessoalmente eu tenho desconfiança da manipulação excessiva dessas células. No entanto, ele já foi congelado, guardado e pode ser utilizado em caso de necessidade.
Como faço para extrair essa célula?
Como eu já expliquei, pode ser por punção dentro do osso, pode ser o osso longo fêmur, pode ser a tíbia, pode ser o rádio, o externo ou a crista ilíaca. Normalmente se opta pela crista ilíaca que tem maior volume de polpa. Assim mesmo se a gente juntar toda a medula óssea de um paciente adulto ela não chegará a 1 litro de medula óssea. Então, é limitada a quantidade. Já as células-tronco de gordura, você faz uma lipoaspiração que pode se tornar praticamente ilimitado. Precisou fazer, você engorda e faz de novo.
Este procedimento é feito nos EUA? Se não, por quê?
Esse procedimento ainda não é feito nos Estados Unidos para uso em autismo. Eles ainda estão atrasados em pesquisa porque o Bush segurou as pesquisas por 12 ou 13 anos e depois que ele saiu ainda continuaram travados pela legislação. Agora eles estão iniciando os trabalhos de forma mais controlada.
Queria saber qual a diferença da célula tronco extraída da gordura e a célula-tronco do umbigo. Essa do umbigo seria a mesma do osso do fêmur e da coluna?
O que diferencias as células-tronco da gordura para as células-tronco do umbigo são as linhagens que elas são capazes de desenvolver. Da mesma forma que as do dente e da mesma forma que as do embrião. Quando você tira do embrião, a célula embrionária tem um a capacidade imensa de se transformar em qualquer um dos 200 tipos celulares ou mais que a gente tem no organismo. As da medula óssea, do cordão ou do dente tem mais ou menos a mesma potência. Da gordura, a gente teria que para fazer outros tipos celulares, por exemplo de linhagem do sangue, você teria que fazer uma modificação um pouco maior. Porém para os outros tipos de tecido, ela tem a capacidade de transformação quase igual à dos outros tipos de célula-tronco.
Esse tratamento de células tronco é indicado para todas as crianças? Quais benefícios podemos esperar?
Poder ser indicado para todas as crianças eu acho que é mais uma necessidade nossa do que da própria criança, porém nós estamos na pontinha do iceberg e estamos descortinando o real contorno dessa terapia, o real resultado dessa terapia para os indivíduos.
Os resultados são extremamente promissores na área de movimentos finos de mão, atenção, obediência a comando verbal, independência, fala, comunicações e convivência. Isso tem sido observado em quase todos os pacientes, a convivência com os irmãos e as outras pessoas melhoram muito. A gente tem resultados excepcionais, a gente pode observar resultados excepcionais, independentes do número de células. Talvez seja por causa do tipo de células que foram usadas.
As células tronco são capazes de alterar um gene?
Não, mas eu gostaria de salientar uma coisa: nem sempre o TEA está ligado a alteração genética. Ela pode ser uma alteração genética que altera uma função de uma enzima, por exemplo, no corpo. Ou ela pode ser a uma alteração genética levando à alteração de um componente que vai alterar as funções no cérebro. Isso pode ser alterado ou pode ser revertido, com a modulação da inflamação e da imunogenicidade. Ou seja, o meu organismo começa a aceitar aquela alteração com menos reação do próprio organismo. E a imunogenicidade é importante para manter esse “ataque”, vamos dizer assim, essa resposta a uma agressão qualquer, seja digestiva, seja ambiental, ela promove uma modulação dessas respostas e melhora o quadro geral. Alteração genética a gente nem espera dessas células, mas tem coisa vindo por aí. Já ouvi trabalhos que vão começar a promover essa alteração genética a partir da identificação de um dos genes responsáveis pelo Transtorno do Autismo.
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