Seis meses de Santa já se vão.
Dr. Chen foi um marco na vida de Ana e na nossa.
Estudamos muito, aprendemos, começamos a fazer ligações entre coisas que antes nem conhecíamos bem.
Desintoxicação, nutrição, enzimas, biologia molecular...
E foi esse estudo que nos levou para uma nova fase.
Cada hora lendo um livro ou um artigo diferente, um termo começou a chamar nossa atenção, a Vitamina B12, principalmente na forma Methyl B12.
Um artigo sobre um médico peruano, falava de seus estudos, que ligam a falta de vitamina B12 a convulsões e problemas neurológicos. Livros sobre tratamento de autismo nos EUA falavam da melhora que as crianças apresentam com injeções de Methyl B12. Em outro artigo um médico falava que exames de sangue com níveis normais de vitamina B12 não significam que o nível intracelular esteja bom. Foram várias referências, em vários lugares diferentes. Resultado: lá fomos nós atrás dessas injeções.
Logo vimos que encontrar a Methyl B12 injetável aqui no Brasil, não era possível. Marcela tentou comprá-la nos EUA, mas não achou em nenhuma farmácia.
Perguntei para a Dra Mírian Fabíola, neurologista da Ana o que ela achava, e ela me aconselhou a procurar uma neuropsicóloga, Dra. Aila Reis, que estava estudando a relação autismo x epilepsia. Talvez ela tivesse alguma informação.
Conversando com Afrânio , meu ginecologista, uma das únicas pessoas que já tinham ouvido falar dessas injeções aqui, mais uma vez apareceu o nome da Aila. Foram tantos elogios que ele fez a ela, que não tive mais dúvidas, corri para marcar um encontro com ela.
Nos encontramos pela primeira vez no dia 13 de dezembro. Foi empatia à primeira vista. De forma simples e clara ela explicou o que achava do funcionamento do cérebro dos autistas. Fiquei impressionada com seu conhecimento. Falando sobre as sinapses, uma palavra me chamou a atenção: glicoproteína. Me lembrei que já tinha lido sobre ela em algum lugar...
Como ela estava saindo de férias, combinamos de continuar nossa conversa em fevereiro.
Chegando em casa fui direto procurar a glicoproteína, e lá estava ela, juntinho da B12!
Daí para a frente comecei a mandar para ela tudo que achava sobre a Methyl B12. Eu, da methyl e da glicop sei pouco mais do que os nomes. Ela já sabe tudo!
Nessa semana nos encontramos outra vez. Mais uma vez fiquei impressionada com ela.
Só conhecendo-a pessoalmente para ver a energia e a segurança que ela transmite, e a facilidade com que ela consegue relacionar tudo que para mim não passa de intuição.
A ótima notícia é que ela acha que realmente vale a pena estudar o efeito das injeções de Methyl B12 em autistas!
Estamos relacionando exames, endereço de laboratórios, fabricantes de injeções de Methyl B12, selecionando pessoas e tentando montar um protocolo a ser seguido.
Estamos apenas no esboço, mas tenho certeza que, assim como foi com Dr. Chen, este vai ser um novo marco na vida de Ana. Assim que estiver tudo acertado, vamos criar uma página aqui no blog para ir acompanhando os acontecimentos.
Há muitos anos atrás, assisti um filme de Spielberg, chamado “O Império do Sol”. O filme conta a história de um menino inglês de 11 anos, que vive em Xangai e acaba se perdendo dos pais e indo para um campo de concentração japonês. Do princípio ao fim do filme, o que chama a atenção é que ele nunca fecha os olhos. Tem uma cena, em que ele canta em homenagem aos soldados japoneses, que é uma das coisas mais bonitas e, ao mesmo tempo, mais tristes que já vi. A gente sente a solidão dele. No final, ele reencontra sua família e, só aí, pode relaxar e fechar os olhos. O filme não tem nada a ver com o autismo. Tem a ver com esperança.
Acho que, como eu, muitas mães se sentem assim. Em nosso caso, vivemos procurando um jeito de resgatar nossos filhos, esperando que um dia possamos encontrá-los, abraçá-los e, enfim, fechar nossos olhos.
Se com essa pesquisa, uma só criança puder ser resgatada, já terá valido à pena. Mas tomara que sejam mais, e tomara que Ana esteja entre elas.
Outro dia, vendo um episódio de uma série com Silvia, apareceu um significado para o nome Ana, que eu ainda não tinha visto: esperança. Um significado que combina com o verde dos olhos de minha Ana...