Primeiramente, precisamos entender que há diversas vitaminas disponíveis,
mas o que são elas? Podemos comparar vitaminas a aditivos, ou seja, elementos
que não são produzidos pelo organismo e, como tal, precisam ser obtidos de
outras fontes (leia-se uma dieta balanceada).
De uma forma geral, ninguém necessita de vitaminas artificiais, bastando
obter os ‘aditivos’ essenciais de uma boa e variada dieta. Mas e o que acontece
quando o organismo é privado de nutrientes básicos, seja fruto de uma
seletividade extremada, muito presente no autismo, ou resultado de uma dificuldade
produzida por algum tratamento de saúde, como um processo quimioterápico?
Precisamos suplementar nosso organismo! Suplementar significa agregar ao
organismo elementos fundamentais que não são ofertados na quantidade, qualidade
ou forma demandada.
Agora, quando minha alimentação é boa eu preciso suplementar de alguma
forma? Em tese não, mas, como diz o filósofo, na prática a teoria é outra.
Vamos desenvolver esse raciocínio aparentemente complexo: nosso organismo é um
emaranhado de conexões, sujeito a fatores ambientais diversos e comandado pelo
código da vida, o nosso DNA.
A exposição ambiental pode exigir uma carga adicional de determinados
nutrientes, como quando de contato com contaminantes ambientais. Já o nosso DNA
pode apresentar mutações, ou seja, pequenas ‘mudanças’ na nossa sequência
fundamental que acaba gerando impacto na produção incorreta dos tijolinhos da
vida. É o caso da mutação MTHFR que, apesar de nome difícil, indica deficiência
na ‘síntese’ (não é o melhor termo, mas resumidamente descreve o caso) de ácido
fólico. Síntese, nesse cenário, é a conversão da versão artificial (ácido
fólico) na substância que o organismo realmente precisa (ácido folinico). Os
que têm essa mutação devem evitar o ácido fólico e prestar atenção na
homocisteína.
Bem, se você chegou até aqui, talvez seja hora de tomar uma boa xícara
de café...
Enquanto tomas seu café, um pequeno desvio:
Desde 2014, os planos
de saúde são obrigados a ofertar um conjunto de exames genéticos, em caso de
dúvidas sobre a cobertura, consulte o site da ANS. Os exames nacionais ‘comuns’
avaliam individualmente uma mutação (como o MTHFR), exigindo uma coleta de sangue
para cada mutação a ser analisada.
Outras opções
disponíveis são os exames de espectro amplo, que oferecem resultados de um
número maior de mutações.
Espero que tenha aproveitado a pausa do café. Vamos aproveitá-la, para
inserir um novo conceito: alergias podem ‘aparecer’ com o tempo, como no caso
da cafeína. Então você pode ser alérgico a cafeína e ainda não saber (algumas
alergias, bem como mutações, vão sendo ‘ativadas’ ao longo de nossa vida – para
não dizer quando envelhecemos); para esses casos, eventualmente, você precisará
rever sua suplementação com o passar dos anos.
Então bastaria tomar um espectro de vitaminas a minha vida toda, como
medida profilática? Calma, não é bem assim. Existem dois tipos de vitaminas:
hidro e lipossolúveis. As lipossolúveis, como a A e a D, são armazenadas em
nossas células de gordura e seu excesso pode produzir ‘intoxicação’. É bom que
essa categoria de vitaminas seja monitorada de tempos em tempos (no caso da D
deve-se medir a 1,25-dihydroxycholecalciferol, que é a única forma ativa da
vitamina D - preste atenção aqui na presença de mutações VDR, identificadas
através do 23andme). Já as hidrossolúveis, em tese, são descartadas quando não
utilizadas.
Um alerta importante
aos que optarem por suplementação oral: é fundamental monitorar a função
hepática.
Bem, agora que já conceituamos algumas dimensões, podemos comentar sobre
as vitaminas da família B. Elas são fundamentais em vários ciclos da vida.
Deficiências de vitamina B são associadas a várias doenças autoimunes, autismo
(no caso do antifolate) e Alzheimer.
Assim como a deficiência da vitamina B9 (o ácido fólico) está associada
à má formação do tubo neuronal, a B12 está associada, direta ou indiretamente,
a vários processos cerebrais. A B12, especialmente na forma metil B12, é um
elemento importante na metilação, que é um dos mais importantes ciclos da vida.
Da metilação depende a produção da glutationa, que é nosso mais poderoso
antioxidante natural. Sua deficiência está associada a diversas doenças
do sistema nervoso, como demonstrado nos estudos citados em [1], [2], [3], [4],
[5], [6], [7], [8].
A boa notícia é que o uso de doses terapêuticas de B12 tem mostrado um
efeito neuroregenerador [9].
Como se vê, a B12 pode apoiar o tratamento de diversos processos
neurodegenerativos, como: esclerose, autismo, déficit de atenção, Alzheimer,
etc., e pode também apoiar o ‘detox’ do organismo, sendo, portanto recomendada
para grávidas e idosos. Ela é usada também, especialmente no Japão, para
tratar esclerose lateral amiotrófica e problemas renais.
Vamos então tomar
B12! Mas de que forma?
Bem, a forma oral é a mais barata e amplamente acessível (na farmácia
mais próxima de sua casa ou trabalho). Problema? Bem, seu estômago é uma grande
máquina de oxidação. O que isso significa? Que as substâncias entram no seu
estômago e são ‘modificadas’. Na prática, no caso da B12, a transformamos em
uma substância que não será aproveitada.
Precisamos então escolher outra forma, para deixar de lado o estômago.
Que tal sublingual ou subnasal? Perfeito, essas formas não passam pelo estômago.
Mas tem um pequeno problema, ao optarmos por uma dessas formas acabamos
produzindo um ‘pico’ de B12 no organismo e, como ela é hidrossolúvel, o que não
for utilizado é descartado; ou seja, não teremos B12 durante o tempo todo,
resumidamente: dinheiro e esforço desperdiçados.
Sobra, portanto a opção da injetável. O que os médicos que trabalham com
essa opção têm proposto é a aplicação na área glútea, fazendo com que a
liberação seja lenta (dado a presença de gordura). O Dr. Neubrander, talvez o
maior divulgador da B12, sugere ângulo de 10 a 20º.
Então já sabemos que o melhor é a injetável, resta agora escolher a
forma de B12. Sim, existem várias, como a metil B12, a hidroxy B12, etc. A de
maior biodisponibilidade, a que o organismo aproveita de maneira máxima, é a
forma metil. Se você busca utilizá-la como neuroregeneradora, a escolha natural
é a forma metil.
Todos podem usar a metil B12? Esse é um tema controverso na comunidade.
A Dra. Yasko sugere cuidado para pacientes portadores da mutação COMT (mais informações
sobre esse quadro em: http://www.dramyyasko.com/resources/autism-pathways-to-recovery/chapter-8/ e você pode avaliar
essa mutação através do 23andme), em função de um possível efeito alérgico, e
para os que apresentam mercúrio inorgânico no organismo. Essa segunda
observação foi apontada no
trabalho de McElwee [10], no qual se discute a conversão: Mercúrio inorgânico +
Metil B12 = Metilmercúrio + hidroxi B12. O que isso significa? Em resumo, que a
metil b12 transforma o mercúrio inerte em mercúrio tóxico (o metilmercúrio) e
esse, o metilmercúrio, ultrapassa a barreira hematoencefálica e vai degenerar o
cérebro.
Então, procurem
seus médicos e solicitem exames antes de iniciar a suplementação.
Já sabemos a forma de uso e os cuidados, mas, qual a dose? Bem, esse
assunto é bastante complicado, vamos tentar responder em duas vertentes:
·
Recorrendo ao protocolo do Dr. Neubrander para pacientes autistas, é
preconizado doses diárias de 75 microgramas por kg de peso. Geralmente a ampola
de metil B12 é manipulada com a concentração de 25mg por ml, então a fórmula de
cálculo ficará em: UIs = 100* (Peso*0,075)/25UI. Sendo que 1 UI equivale a 1
marcação na seringa de insulina tradicional.
·
Na segunda vertente, resgata dos alfarrábios japoneses que originaram o
tratamento com a metil B12, preconiza doses bissemanais de 25 a 50 mg para uma
pessoa de 70 Kg de peso (http://www.alsworldwide.net/methylcobalamin.html). Caso seu médico
opte por esse protocolo o cálculo ficará em: UIs = 100*(peso/70) UI.
E agora, como comprar? Quando seu médico prescrever a metil B12 você
poderá optar por produto importado ou nacional. Algumas das farmácias
estrangeiras exigem prescrição de médico americano, o que, unido aos impostos
de importação, pode tornar o tratamento bastante caro.
A opção então disponível era comprar do laboratório de manipulação
Pineda (http://www.pineda.com.br/). Infelizmente o produto da Pineda leva
conservante, o que pode gerar reações importantes em pessoas hiper sensíveis.
Muito recentemente a Citopharma (http://www.citopharma.com.br/), que
possui equipamentos de ponta na área de manipulação, atendeu o apelo de um
conjunto de pais, para trazer a opção do ouro vermelho
(a metil B12) para solo brasileiro, buscando viabilizar o tratamento para mais
e mais crianças. A Citopharma, aliando sua excelência industrial e seu corpo de
pesquisa, avaliou os produtos vendidos mundo a fora e desenvolveu a metil B12
brasileira, biocompatível com os melhores produtos disponíveis no mundo; ou
seja: vitamina pura e segura.
Boa caminhada a todos.
Edson Pacheco
Referências
[1]Victor M, Ropper AH. Diseases of the
nervous system due to nutritional deficiency. Adams and Victor’s principles of
neurology, 7th ed. New York’ McGraw-Hill; 2001. p. 1218 – 22.
[2]Reynolds EH, Bottiglieri
T, Laundy M, Crelline F, Kirker SG. Vitamin B12 metabolism in multiple
sclerosis. Arch Neurol 1992; 49:649 – 52.
[3] Crellin RF,
Bottiglieri T, Reynolds EH. Multiple sclerosis and macrocytosis. Acta Neurol
Scand 1990;81:388 – 91.
[4] Nijst TQ, Hommes OR,
Weavers RA, Schoonder-Waldt HC, De Haan AFJ. Vitamin B12 and folate levels of
serum and cerebrospinal fluid in multiple sclerosis and other neurological
disorders. J Neuro Neurosurg Psychiatry 1990;53:951 – 4.
[5] Goodkin DE, Jacobsen
DW, Galvez N, Daughtry M, Secic H, Green R. Serum cobalamin deficiency is
uncommon in multiple sclerosis. Arch Neurol 1994;54:1110 – 4.
[6] Shevell MI, Rosenblatt
DS. The neurology of cobalamin. Neurol Sci 1990;19:472.
[18] Allen RH. Metabolic abnormalities in cobalamin (vitamin B12) and folate
deficiency. FASEB J 1993;7:1344.
[7] Peracchi M, Bamonti
Catena F, Pomati M, De Franceschi M, Scalabrino G. Human cobalamin deficiency:
alterations in serum tumour necrosis factor-alpha and epidermal growth factor.
Eur J Haematol 2001;67:123 – 7.
[8]Najim Al Din AS, Khojali
M, Habbosh H, Farah S, Idris AR, AIMuhtasib F. Macrocytosis in multiple
sclerosis: a study in 82 de novo Arab patients. J Neurol Neurosurg Psychiatry
1991;54:415 – 6.
[10] McElwee MK; Ho LA; Chou JW; Smith MV; Freedman
JH. Comparative toxicogenomic responses of mercuric and methyl-mercury. BMC Genomics; 14:
698, 2013.
Citopharma Manipulações Parenterais
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