terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Metil B12



Apesar de ser muito utilizada nos EUA e na Europa, a vitamina metil B12 ainda é pouco usada aqui. A MB12 é a forma metilada da vitamina B12. Ela ativa diretamente o caminho bioquímico da metionina/homocisteína. Este caminho é o responsável pela desintoxicação do corpo, e por isso é tão importante para os autistas.
 Quem quiser procurar na internet, é só procurar por MB12 ou Methyl B12 que verá uma infinidade de artigos e vídeos. Os 2 melhores sites são os do Dr. Neubrander, que foi quem difundiu o uso da MB12 para autistas, e o do grupo TACA (Talk About Curing Autism).
www.tacanow.org


Quer conhecer um pouco mais sobre a metil B12? Então, boa leitura!



Antes de falarmos sobre a vitamina B12, permitam-me discorrer um pouco sobre alguns conceitos que fundamentam seu uso.
Primeiramente, precisamos entender que há diversas vitaminas disponíveis, mas o que são elas? Podemos comparar vitaminas a aditivos, ou seja, elementos que não são produzidos pelo organismo e, como tal, precisam ser obtidos de outras fontes (leia-se uma dieta balanceada).
De uma forma geral, ninguém necessita de vitaminas artificiais, bastando obter os ‘aditivos’ essenciais de uma boa e variada dieta. Mas e o que acontece quando o organismo é privado de nutrientes básicos, seja fruto de uma seletividade extremada, muito presente no autismo, ou resultado de uma dificuldade produzida por algum tratamento de saúde, como um processo quimioterápico? Precisamos suplementar nosso organismo! Suplementar significa agregar ao organismo elementos fundamentais que não são ofertados na quantidade, qualidade ou forma demandada.
Agora, quando minha alimentação é boa eu preciso suplementar de alguma forma? Em tese não, mas, como diz o filósofo, na prática a teoria é outra. Vamos desenvolver esse raciocínio aparentemente complexo: nosso organismo é um emaranhado de conexões, sujeito a fatores ambientais diversos e comandado pelo código da vida, o nosso DNA.
A exposição ambiental pode exigir uma carga adicional de determinados nutrientes, como quando de contato com contaminantes ambientais. Já o nosso DNA pode apresentar mutações, ou seja, pequenas ‘mudanças’ na nossa sequência fundamental que acaba gerando impacto na produção incorreta dos tijolinhos da vida. É o caso da mutação MTHFR que, apesar de nome difícil, indica deficiência na ‘síntese’ (não é o melhor termo, mas resumidamente descreve o caso) de ácido fólico. Síntese, nesse cenário, é a conversão da versão artificial (ácido fólico) na substância que o organismo realmente precisa (ácido folinico). Os que têm essa mutação devem evitar o ácido fólico e prestar atenção na homocisteína.
Bem, se você chegou até aqui, talvez seja hora de tomar uma boa xícara de café...
Enquanto tomas seu café, um pequeno desvio:
Desde 2014, os planos de saúde são obrigados a ofertar um conjunto de exames genéticos, em caso de dúvidas sobre a cobertura, consulte o site da ANS. Os exames nacionais ‘comuns’ avaliam individualmente uma mutação (como o MTHFR), exigindo uma coleta de sangue para cada mutação a ser analisada.
Outras opções disponíveis são os exames de espectro amplo, que oferecem resultados de um número maior de mutações.
Dentre esses, temos o 23andme (www.23andme.com), que talvez seja o exame de melhor relação custo benefício no mercado, o do GP (http://www.greatplainslaboratory.com/) e o da Yasko (http://www.dramyyasko.com/our-unique-approach/why-this-test/).

Espero que tenha aproveitado a pausa do café. Vamos aproveitá-la, para inserir um novo conceito: alergias podem ‘aparecer’ com o tempo, como no caso da cafeína. Então você pode ser alérgico a cafeína e ainda não saber (algumas alergias, bem como mutações, vão sendo ‘ativadas’ ao longo de nossa vida – para não dizer quando envelhecemos); para esses casos, eventualmente, você precisará rever sua suplementação com o passar dos anos.
Então bastaria tomar um espectro de vitaminas a minha vida toda, como medida profilática? Calma, não é bem assim. Existem dois tipos de vitaminas: hidro e lipossolúveis. As lipossolúveis, como a A e a D, são armazenadas em nossas células de gordura e seu excesso pode produzir ‘intoxicação’. É bom que essa categoria de vitaminas seja monitorada de tempos em tempos (no caso da D deve-se medir a 1,25-dihydroxycholecalciferol, que é a única forma ativa da vitamina D - preste atenção aqui na presença de mutações VDR, identificadas através do 23andme). Já as hidrossolúveis, em tese, são descartadas quando não utilizadas.
Um alerta importante aos que optarem por suplementação oral: é fundamental monitorar a função hepática.
Bem, agora que já conceituamos algumas dimensões, podemos comentar sobre as vitaminas da família B. Elas são fundamentais em vários ciclos da vida. Deficiências de vitamina B são associadas a várias doenças autoimunes, autismo (no caso do antifolate) e Alzheimer.
Assim como a deficiência da vitamina B9 (o ácido fólico) está associada à má formação do tubo neuronal, a B12 está associada, direta ou indiretamente, a vários processos cerebrais. A B12, especialmente na forma metil B12, é um elemento importante na metilação, que é um dos mais importantes ciclos da vida. Da metilação depende a produção da glutationa, que é nosso mais poderoso antioxidante natural.  Sua deficiência está associada a diversas doenças do sistema nervoso, como demonstrado nos estudos citados em [1], [2], [3], [4], [5], [6], [7], [8].
A boa notícia é que o uso de doses terapêuticas de B12 tem mostrado um efeito neuroregenerador [9].
Como se vê, a B12 pode apoiar o tratamento de diversos processos neurodegenerativos, como: esclerose, autismo, déficit de atenção, Alzheimer, etc., e pode também apoiar o ‘detox’ do organismo, sendo, portanto recomendada para grávidas e idosos. Ela é usada também, especialmente no Japão, para tratar esclerose lateral amiotrófica e problemas renais.
Vamos então tomar B12! Mas de que forma?
Bem, a forma oral é a mais barata e amplamente acessível (na farmácia mais próxima de sua casa ou trabalho). Problema? Bem, seu estômago é uma grande máquina de oxidação. O que isso significa? Que as substâncias entram no seu estômago e são ‘modificadas’. Na prática, no caso da B12, a transformamos em uma substância que não será aproveitada.
Precisamos então escolher outra forma, para deixar de lado o estômago. Que tal sublingual ou subnasal? Perfeito, essas formas não passam pelo estômago. Mas tem um pequeno problema, ao optarmos por uma dessas formas acabamos produzindo um ‘pico’ de B12 no organismo e, como ela é hidrossolúvel, o que não for utilizado é descartado; ou seja, não teremos B12 durante o tempo todo, resumidamente: dinheiro e esforço desperdiçados.  
Sobra, portanto a opção da injetável. O que os médicos que trabalham com essa opção têm proposto é a aplicação na área glútea, fazendo com que a liberação seja lenta (dado a presença de gordura). O Dr. Neubrander, talvez o maior divulgador da B12, sugere ângulo de 10 a 20º.
Então já sabemos que o melhor é a injetável, resta agora escolher a forma de B12. Sim, existem várias, como a metil B12, a hidroxy B12, etc. A de maior biodisponibilidade, a que o organismo aproveita de maneira máxima, é a forma metil. Se você busca utilizá-la como neuroregeneradora, a escolha natural é a forma metil.
Todos podem usar a metil B12? Esse é um tema controverso na comunidade. A Dra. Yasko sugere cuidado para pacientes portadores da mutação COMT (mais informações sobre esse quadro em: http://www.dramyyasko.com/resources/autism-pathways-to-recovery/chapter-8/ e você pode avaliar essa mutação através do 23andme), em função de um possível efeito alérgico, e para os que apresentam mercúrio inorgânico no organismo. Essa segunda observação foi apontada no trabalho de McElwee [10], no qual se discute a conversão: Mercúrio inorgânico + Metil B12 = Metilmercúrio + hidroxi B12. O que isso significa? Em resumo, que a metil b12 transforma o mercúrio inerte em mercúrio tóxico (o metilmercúrio) e esse, o metilmercúrio, ultrapassa a barreira hematoencefálica e vai degenerar o cérebro.
Então, procurem seus médicos e solicitem exames antes de iniciar a suplementação.

Já sabemos a forma de uso e os cuidados, mas, qual a dose? Bem, esse assunto é bastante complicado, vamos tentar responder em duas vertentes:
·         Recorrendo ao protocolo do Dr. Neubrander para pacientes autistas, é preconizado doses diárias de 75 microgramas por kg de peso. Geralmente a ampola de metil B12 é manipulada com a concentração de 25mg por ml, então a fórmula de cálculo ficará em: UIs = 100* (Peso*0,075)/25UI. Sendo que 1 UI equivale a 1 marcação na seringa de insulina tradicional.
·         Na segunda vertente, resgata dos alfarrábios japoneses que originaram o tratamento com a metil B12, preconiza doses bissemanais de 25 a 50 mg para uma pessoa de 70 Kg de peso (http://www.alsworldwide.net/methylcobalamin.html). Caso seu médico opte por esse protocolo o cálculo ficará em: UIs = 100*(peso/70) UI.

E agora, como comprar? Quando seu médico prescrever a metil B12 você poderá optar por produto importado ou nacional. Algumas das farmácias estrangeiras exigem prescrição de médico americano, o que, unido aos impostos de importação, pode tornar o tratamento bastante caro.
A opção então disponível era comprar do laboratório de manipulação Pineda (http://www.pineda.com.br/). Infelizmente o produto da Pineda leva conservante, o que pode gerar reações importantes em pessoas hiper sensíveis.
Muito recentemente a Citopharma (http://www.citopharma.com.br/), que possui equipamentos de ponta na área de manipulação, atendeu o apelo de um conjunto de pais, para trazer a opção do ouro vermelho (a metil B12) para solo brasileiro, buscando viabilizar o tratamento para mais e mais crianças. A Citopharma, aliando sua excelência industrial e seu corpo de pesquisa, avaliou os produtos vendidos mundo a fora e desenvolveu a metil B12 brasileira, biocompatível com os melhores produtos disponíveis no mundo; ou seja: vitamina pura e segura.
Boa caminhada a todos.
Edson Pacheco

Referências
[1]Victor M, Ropper AH. Diseases of the nervous system due to nutritional deficiency. Adams and Victor’s principles of neurology, 7th ed. New York’ McGraw-Hill; 2001. p. 1218 – 22.
[2]Reynolds EH, Bottiglieri T, Laundy M, Crelline F, Kirker SG. Vitamin B12 metabolism in multiple sclerosis. Arch Neurol 1992; 49:649 – 52.
 [3] Crellin RF, Bottiglieri T, Reynolds EH. Multiple sclerosis and macrocytosis. Acta Neurol Scand 1990;81:388 – 91.
[4] Nijst TQ, Hommes OR, Weavers RA, Schoonder-Waldt HC, De Haan AFJ. Vitamin B12 and folate levels of serum and cerebrospinal fluid in multiple sclerosis and other neurological disorders. J Neuro Neurosurg Psychiatry 1990;53:951 – 4.
[5] Goodkin DE, Jacobsen DW, Galvez N, Daughtry M, Secic H, Green R. Serum cobalamin deficiency is uncommon in multiple sclerosis. Arch Neurol 1994;54:1110 – 4.
[6] Shevell MI, Rosenblatt DS. The neurology of cobalamin. Neurol Sci 1990;19:472. [18] Allen RH. Metabolic abnormalities in cobalamin (vitamin B12) and folate deficiency. FASEB J 1993;7:1344.
[7] Peracchi M, Bamonti Catena F, Pomati M, De Franceschi M, Scalabrino G. Human cobalamin deficiency: alterations in serum tumour necrosis factor-alpha and epidermal growth factor. Eur J Haematol 2001;67:123 – 7.
[8]Najim Al Din AS, Khojali M, Habbosh H, Farah S, Idris AR, AIMuhtasib F. Macrocytosis in multiple sclerosis: a study in 82 de novo Arab patients. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1991;54:415 – 6.
[9] Watanabe T1, Kaji ROka NBara WKimura JJ Neurol Sci. 1994 Apr;122(2):140-3. Ultra-high dose methylcobalamin promotes nerve regeneration in experimental acrylamide neuropathy.

[10] McElwee MK; Ho LA; Chou JW; Smith MV; Freedman JH. Comparative toxicogenomic responses of mercuric and methyl-mercury. BMC Genomics; 14: 698, 2013. 


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